sábado, 1 de novembro de 2008

O suicídio

Não valia mais a pena continuar, era penoso demais... Tentar subsistir era peso que seus ombros não mais suportariam. Sociedade.... Sorrir quando não se quer, ser agradável com quem não merece, e desprezar quem merece carinho, apenas por não pertencer a uma caixinha chamada “ normas de uma boa sociedade”.

A liberdade se tornou uma solitária prisão, regras, normas e obrigações que não faziam sentido, nada fazia sentido... Era uma eterna repetição de fatos e cerimônias sem sentidos, era por demais enlouquecedor.

Tudo era em vão e nada mais valia a pena, era inútil .. Havia pensado milhares de vezes e essa era a conclusão que havia chegado, sendo assim era o momento de conscientemente deixar tudo para trás, e tudo naquele momento significava tudo.

A morte então seria por etapas, porem constante e rápida... Juntou todos os seus livros, sem importar com sua categoria, colocou todo em um grande monte no quintal da casa, sem pestanejar jogou álcool e ateou fogo, Camões, Vinicius de Moraes, Platão Sócrates e qualquer outro pensador contemporâneo era o fim.

Fotos, todas... de amigos, parentes, momentos bons e tristes foram as próximas a queimar , nenhuma imagem restou, nenhum momento foi eternizado, nenhuma lembrança... Nada valia mais a pena.

A penúltima parte foi dolorosa, mas era preciso... seus cd´s e dvd´s , nenhum deles deveria continuar existindo para contar a sua historia, para mostrar o quanto seu gosto era refinado ou simplório , o quanto era igual ou diferente, todos queimaram.

Por ultimo, já não sentia mais a agonia da morte, então foi um alivio ver suas roupas se acabarem em cinzas uma vez que não precisaria mais delas, a ponto estava criada para “ a ida”.

Respirou com alivio, tudo havia terminado, o resto seria apenas uma formalidade, e cumpriria....
Era hora de dar “adeus”.

10 comentários:

Paula Barros disse...

Uma crõnica bem escrita.
No mais não sei comentar.

abraços

Anônimo disse...

Nossa, que texto forte... principalmente pelo seu "não-desfecho"... tecnicamente muito bom, e sentimentalmente muito intenso! Parabéns!

Paula Barros disse...

Zek
Você escreve crônicas divinamente. Não só crônica, tudo o que você escreve me encanta. Quando disse não saber comentar é por falta de palavras para falar do conteúdo literário.

Leigamente, digo a você, que me prendeu a atenção. Me fez ficar pensando no seu dom de escrever.

Gostei muito.

abraços

Alessandra Castro disse...

Tem gente que pensa que a vida é igual ao jogos de videogame. Dar resert naum funciona.

Sujeito Oculto disse...

Não é apenas um suicídio. É, como diria George Orwell, tornar-se uma impessoa, nunca ter existido.

Negâ disse...

Muito bom suas cronicas sempre passo aqui.
Beijo Zek.

Bandys disse...

Primeira vez aqui...
Me lembrou uma frase que ouvi algum tempo...
O suicida so quer chamar atenção:
TO aqui!!!!!

Sera?

Gostei.

beijos

Lara Goulart. disse...

Tirando o fato de ser um assunto um tanto quanto assustador, texto fascinante! :D

Estarei sempre aqui! :)

Anônimo disse...

uau!! muito bom.. adorei!

Flavia Melissa disse...

nunca havia pensado em algo assim, em exterminar todos os vestígios da passagem sobre a face da terra antes de um suicídio. mas faz sentido.

a vida seria boa se fosse como o orkut - deletar fotos, excluir indesejáveis e aceitar como amigos apenas os queridos cuja índole se conhece...

belo texto, parabéns.
e obrigada pela visitinha, estarás adicionado, pode?

beijos :)