quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A GUERRA QUE NASCEU NO ORIENTE

Era uma típica noite quente do Oriente até que o silêncio do céu foi cortado, um som que em poucos segundos tornou-se uma explosão, e foi apenas o inicio de muitas, o silencio estava interrompido, talvez por muitas gerações.

A casa tremeu, um grande estrondo tão forte que acordou a todos os presentes, o tremor fez rachaduras nas paredes. Um novo estrondo, uma nova explosão, novamente bem próxima, fez com que as rachaduras se abrissem.

No meio da confusão o menino acordou, poderia ter sido um pesadelo mas não era. Sua casa estava desabando, entre o barulho ensurdecedor e a nuvem de pó ele conseguiu pegar o irmão ainda bebe e sair do quarto, foi quando ouviu outra explosão, tentou correr, caiu, levantou-se ... não havia como ter certeza que o irmão estava bem, apenas que estava vivo porque chorava.

Apertou o irmão contra o peito, um estrondo, a casa toda sacudiu novamente, mais pó, uma nuvem , não era mais possível respirar... era correr ou morrer. Mas onde estariam seus pais, porque não estavam ali, será que haviam o abandonado, porque não estavam ali ???

Novo estrondo e desta vez pedaços das paredes começaram a cair juntamente com parte do telhado, o menino correu o mais que pode com seu irmão no colo, apertando-o contra o peito o estrondo aconteceu novamente, desta vez mais longe, foi outro e mais outro.

Escuro mas ainda assim reconheceu a sala de sua casa, os moveis todos envoltos a nuvem de pó e no centro da sala, a cena era ainda mais desoladora eram eles seu pai e sua mãe juntos ao chão, imóveis, coberto de pó ... outro estrondo próximo, desta vez era possível ouvir gritos desesperados.

A força para viver foi maior que o desespero, que a dor, e o menino correu mesmo sem sentir as pernas, o irmão ainda chorava... ele correu o mais que pode por toda a sala até cruzar a porta, olhou para trás e chorou, e voltou a correr, cruzou a porta , agora ele também gritava.

Olhou para o céu e via como que estrelas, mas estar deixavam uma nuvem de fumaça como rastro.. estas faziam ruído, explodiam ao tocar o chão e traziam consigo o fogo, eram muitas a cruzar o céu, mas do que ele poderia contar.

Ele se abaixou se ajoelhou e chorou, seu choro agora era como o do irmão, do outro um vizinho se aproximou, pegou as duas crianças e correu , o cheiro de pólvora era forte, não mais que os gritos de desespero e os estrondos.

Chegaram a um abrigo e só abraçou o irmão novamente, agora tossia , toda a fumaça e pó que aspirou agora lhe trazia um sensação horrível por todo o corpo, seu pulmão agora queria livrar-se de toda a impureza que estava alojada ali.

Por um milagre seu irmão estava bem, chorava , mas estava bem... seu irmão de apenas um ano chorava por que queria sua mãe, seu pai e sua casa. Aos poucos o menino dormiu.

O menino mais novo era Najiv.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Rumores de Guerra - Parte 2

Rumores de Guerra parte 2 - O encontro de dois mundos


Foi questão de minutos como em um passe de mágica, pessoas gritando e correndo desesperadas, um grande alvoroço, todos começaram a sair de suas casas procurando de onde vinha o fogo. A fumaça manchava o cenário da manha, vinda do ponto mais baixo da favela, o ponto mais próximo a linha férrea.

A madeira era um combustível abundante que alimentava a fome do fogo que a tudo devorava rápida e intensamente, consumindo sem parar. Nada que não fosse retirado de seu caminho seria perdoado, não seria.

A corrida era para salvar alguma coisa, qualquer coisa. O tempo era escasso, um grande inimigo que se somava ao desespero. Pessoas se intoxicavam tentando controlar o fogo sem equipamento apropriado, era uma gota em um oceano.

Aos poucos o tumulto começou a crescer, mais e mais pessoas tentando salvar seus pertences, mais e mais pessoas correndo desesperadas e fogo seguindo por todas as direções. A proximidade com os cabos de força da linha férrea metropolitana obrigou a interromper o tráfego, atraindo os olhos da imprensa.

O corpo de bombeiros chegou ao local, mas o acesso ao local que originou o fogo não estava sendo fácil, era talvez o lugar de mais difícil acesso da comunidade, não havia uma rua que levasse ao local, eram vielas estreitas, seria um trabalho difícil, beirando o impossível.

Rosa estava a esta altura ajudando a acomodar as crianças em local seguro, tarefa difícil, uma vez que qualquer local dentro da comunidade não era seguro em sua totalidade. Foi neste cenário que um rapaz alto, esguio, jovem e de aparência austera se apresentou.

- Eu querer ajudar - falou baixo mas com firmeza – eu ter uma organização perto daqui , poder deixar as crianças em segurança.

- É melhor não tira-las daqui, obrigado – tão firme quanto o convite, a recusa.

- Você vir, os pais deles poder vir até aqui ser lugar seguro. Eu querer ajudar.

- Eu ser Najiv.

- Rosa.

O sotaque árabe, a barba típica dos jovens daquela região tornaram dignos de confiança os gestos do rapaz, foi uma questão de minutos acomodar alguns adultos e grande parte das crianças em automóveis rumo ao local por ele oferecido.

Ao lado do mais novo voluntario Rosa acomodou-se para levar as crianças para um local seguro. O tumulto crescia a cada momento com a chegada de curiosos, imprensa policiais e familiares dos moradores.

O local oferecido servia de abrigo também a imigrantes, havia muitas mulheres no local, todas com véu cobrindo os cabelos e aparência dócil. O lugar era silencioso apesar de ter algumas crianças circulando.

Não houve mal estar no primeiro impacto, era como se um condigo não verbal de “ viva e deixe viver” estivesse implícito . As mulheres que ali se encontravam serviram um almoço a todos presentes , foi um momento de paz.

Em meio a guerra.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O encontro com meu personagem

Quarta feira 23 de Setembro de 2009, dia chuvoso e frio em toda a Grande São Paulo. Dias assim chega a dar um desanimo de trabalhar, abrir a janela do escritório e ver uma permanente nuvem cinza, alem do frio.

Eu decidi trabalhar até mais tarde e colocar o trabalho em dia, mesmo não estando inspirado para o trabalho. Rotina sem muitas alterações quando saio da empresa por volta das oito da noite, me vejo só dentre as ruas escuras de Alphaville Empresarial.

As ruas são arborizadas, o que quer dizer que a noite há imensas lacunas escuras, onde a luz dos postes não penetra tornando uma rua ainda que "bem iluminada", quase que totalmente escura. Por se tratar de uma região em sua totalidade comercial, não há muitos carros passando após as 19:00hs.

Diante do cenário me apressei ja que meu ponto de ônibus era a razoáveis 20 minutos caminhando. Sem tempo a perder no frio pós chuva percebo passos a me acompanhar, o barulho só pude perceber por se tratar de botas e os passos serem quase que como os meus, no mesmo ritmo de caminhada.

- Zek , preciso falar com você .

No momento pensei " foi um engano", não pode ser, como saberia meu nome?

- Zek não tente fugir, eu preciso e vou falar com você agora.

No momento em que me virei pude ver parte da silhueta que falava comigo, alta aproximadamente 1,83 ( estava de botas ) com um sobre tudo que encobri seu corpo, um gorro e duas tranças.

- Desculpa, não estou me lembrando de você - disse já me aproximando.

- Você não me conhece, mas me conhece muito bem.

- Não entendi.

- Eu vim cobrar uma continuidade da nossa relação, você simplesmente me abandonou, me tratou como se eu não existisse.

- Desculpa mas eu não conheço você, que relação é esta?

- Não me reconhece não é ?? nada em mim lhe parece familiar;
que tal se eu te disser onde moro, que meu mundo esta em chamar por mais de 6 meses, um total descaso seu.

- Nã.. não , não pode ser , não é possível

- É possível sim, e você sabe bem disso... é hora de dar um rumo a minha historia, preciso ter um fim, um meio , um sentido.

- Eu sei, mas era um turbilhão de idéias que eu tinha na cabeça, eu precisava parar, respirar e dar continuidade com calma, afinal eu me meti a fazer algo diferente e não queria que ficasse clichê, queria algo que tivesse minha cara, meu jeito de escrever, você não entenderia.

Por um momento sinto o chão sumir sobre meus pés, e ela não mais estava la. Era somente eu novamente, e era hora de correr para terminar a saga que comecei aí em baixo, antes que outros personagens resolvam me visitar.