terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Um novo notívago - O início de um novo ciclo.

Se você não leu o inicio do conto, que possui quatro capitulos clique ao lado e leia na integra para que possa entender o desfecho deste conto.




Naquele momento o tempo parou talvez seja exatamente essa a ultima imagem lúcida que tive naquela noite, ou talvez a primeira de minha nova vida pois sei que foi aí que tudo começou.

Eu achei que seria um beijo, e começou com um beijo que terminou no meu pescoço como uma dor que começou como um beliscão e foi crescendo até eu sentir como seu meu sangue todo estivesse sendo drenado pelo meu pescoço, minhas forças começaram a sair juntamente com o calor da minha pele... eu não conseguia lutar, era mais forte que eu, era como se aquela boca que eu havia beijado tivesse se transformado no focinho de um animal.

Eu sentia cada gota de sangue que saia do meu corpo, sentia meu corpo se esfriar e mesmo que quisesse não havia forças para lutar, era como se a força se esvaísse. Meus braços perdiam a força e meu corpo estava todo entregue, agora seguro por ela, seus dentes seguiam firmes em momentos que naquele momento se traduziram em eternidade.

Fiquei um tempo sem saber como aquela noite terminou e que lugar me encontrava e todas as outras interrogações que fazia a mim mesmo naquele momento, o que ela era?? O que tinha acontecido comigo?? O que eu era a partir daquele momento. A única resposta que tive era que a partir daquele momento teria a eternidade para apreciar a noite.... e todos os mistérios, perigos e encantos que ela me oferecia, um notívago eterno.

Fizemos sexo de todas as formas possíveis pelos cantos de São Paulo, tudo tinha um novo sentido para mim, novos sons eu agora ouvia sons que normalmente eu não ouvia, como se meu ouvido humano tivesse ganho um extra na audição, eram sons distantes imperceptíveis que agora eram claros e nítidos, meu olfato também havia mudado, eram novos cheiros, tudo havia se alterado em mim e fome, muita fome, uma fome que apenas consome, capaz de alterar os instintos.

E esta é a primeira etapa de minha nova vida, a vida de um eterno notívago , as crônicas de um cidadão da noite, as crônicas da noite, cada uma com seu mistério, cada uma a seduzir com sua negritude, com seus frescor, frieza e solidão.

As crônicas da noite começam aqui com minha nova vida e toda a minha jornada pelas noites serão narradas e minha vida compartilhada com outros possíveis notívagos ou apaixonados pela noite

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O ultimo dia de aula de um formando.

E enfim o dia chegou, sendo o dia mais esperado, o que mais se ansiou por ele, anos se passaram, datas e a expectativa era grande; o sol raiando hora de se levantar ... o dia passou como uma flecha, agitado como sempre, mas sua cabeça apenas pensava no momento de gloria.... o fim do dia.

E a noite chegou, e como ele vários corações em brasa, em chamas... queimando, o tempo era contado como uma contagem regressiva, e cada minuto era o fim de uma era, e devia ser comemorado... cada noite de sono não dormida, cada renuncia em prol do objetivo, tudo e muito mais merecia ser expresso de todas as formas e com toda a intensidade.

Fim da prova, acabou..... tudo, só resta celebrar com todos aqueles que tiveram a mesma historia, a mesma caminhada, a mesma labuta, o mesmo destino.... uma tocha foi acesa, representando a esperança que não morreu durante a longa caminhada.

E todos seguiram, agregando mais elementos a festa, que tomava proporções cada vez maiores, um grande carnaval, uma grande festa, gritos, cantos, a resposta de muitas orações.... um desafio que chegava ao fim.

As tochas, os sinalizadores, a multidão, todos caminhavam... todos cantavam... se abraçavam, as buzinas, a sinfonia... tudo era agregado aos corações que durante quatro anos se mantiveram acesos.... ao redor aqueles que não faziam parte daquele universo não compreendiam .... era mais do que sinalizadores, mais do que fogo.. mais que barulho buzina, espuma e festa... era o novo ciclo de uma vida.

Era impossível que não percebê-los ainda que outras festas acontecessem, irresponsáveis talvez... mas ali havia corações que também queimavam, ardiam e tudo seria expresso, sem poupar sequer uma forma de expressão.

E enfim o momento de explosão, todos os representantes das almas se encontraram... e explodiram na mais intensa alegria... os fogos não eram maior do que os gritos que ecoavam de suas almas e transcendiam por entre seus lábios .... abraços, suor , lagrimas e alegrias tudo se cruzava num imenso mar de sentir...... a alegria da chegada.

As ruas eram insuficientes, eram deles, das dezenas, das centenas e dos milhares que mereciam festejar, comemorar e por aquela noite ser feliz, era um renovo, um recomeço, o premio por uma caminhada.....

sábado, 1 de novembro de 2008

O suicídio

Não valia mais a pena continuar, era penoso demais... Tentar subsistir era peso que seus ombros não mais suportariam. Sociedade.... Sorrir quando não se quer, ser agradável com quem não merece, e desprezar quem merece carinho, apenas por não pertencer a uma caixinha chamada “ normas de uma boa sociedade”.

A liberdade se tornou uma solitária prisão, regras, normas e obrigações que não faziam sentido, nada fazia sentido... Era uma eterna repetição de fatos e cerimônias sem sentidos, era por demais enlouquecedor.

Tudo era em vão e nada mais valia a pena, era inútil .. Havia pensado milhares de vezes e essa era a conclusão que havia chegado, sendo assim era o momento de conscientemente deixar tudo para trás, e tudo naquele momento significava tudo.

A morte então seria por etapas, porem constante e rápida... Juntou todos os seus livros, sem importar com sua categoria, colocou todo em um grande monte no quintal da casa, sem pestanejar jogou álcool e ateou fogo, Camões, Vinicius de Moraes, Platão Sócrates e qualquer outro pensador contemporâneo era o fim.

Fotos, todas... de amigos, parentes, momentos bons e tristes foram as próximas a queimar , nenhuma imagem restou, nenhum momento foi eternizado, nenhuma lembrança... Nada valia mais a pena.

A penúltima parte foi dolorosa, mas era preciso... seus cd´s e dvd´s , nenhum deles deveria continuar existindo para contar a sua historia, para mostrar o quanto seu gosto era refinado ou simplório , o quanto era igual ou diferente, todos queimaram.

Por ultimo, já não sentia mais a agonia da morte, então foi um alivio ver suas roupas se acabarem em cinzas uma vez que não precisaria mais delas, a ponto estava criada para “ a ida”.

Respirou com alivio, tudo havia terminado, o resto seria apenas uma formalidade, e cumpriria....
Era hora de dar “adeus”.

sábado, 18 de outubro de 2008

O Político

Fim do dia, hora de festejar mais uma batalha vencida, trabalho árduo mas compensador, o silêncio era sepulcral todos estavam quietos, assistindo a sua televisão.
Da janela de sua casa observava as ruas imundas, papeis por todos os lados, sua garganta demonstrava o quanto havia falado nos últimos dias, o quanto havia prometido. Nem se lembrava mais do quanto havia prometido, só importava que havia vencido e continuaria no poder.

Homem esperto, era assim que se via e se imaginava. Safo, brasileiro acima de tudo. Não importava os motivos, apenas que tinha mais que o suficiente para si e para os seus. seus projetos inacabados, iria barganhar por mais verba, trocando favores, afinal essa era sua profissão.

Nem se deu conta de quem estava a sua frente, uma figura escura, vestida de negro, olhos vermelhos, asas tão negras quanto sua pele e sua roupa, que se misturavam em um pedaço de noite, capaz de engolir toda a luz artificial que houvesse em seu quarto, em sua mão apenas uma foice de prata, o único brilho que viria daquela imagem.


Segunda feira pós eleição os meios de comunicação já noticiavam os eleitos pelo voto popular, no entanto o alarme e a movimentação eram maiores , todos se acotovelavam para ver o que se passava na praça central da cidade, próximo a estação de trem.

Um corpo, ainda de olhos abertos como Jesus Cristo de braços abertos, como chegou ali, quem o levou, como ninguém ouviu nada????
O vereador mais bem votado da cidade estava ali, irreconhecível pela quantidade de sangue, mas era ele. A paga de seu trabalho, sua recompensa , em vermelho como escrito pelo próprio sangue estava.

O SALARIO DO PECADO É A MORTE!!

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Uma noite, a primeira de muitas

PS: Crônicas da noite é uma historia e para melhor compreenção deve ser lida do inicio


O convite inevitável... terminar a noite em um lugar mais calmo, poucas vezes recebi este convite de um mulher, sempre o faço... mas aquela noite já não era comum, aquela garota não era como as outras. Ainda sorrindo me propôs que fossemos em seu carro, local desconhecido.
... Você prefere que eu mude sua vida por uma noite ? quer ter uma noite inesquecível ou quer que eu mude sua vida por completo ? - Me disse com um meio sorriso.
... Você tem o poder de mudar minha vida por completo ? - Disse sorrindo e ao mesmo tempo ironizando.
... Não, você tem e tudo que quiser vai partir de você, ainda que você precise apenas concordar, apenas consentir.
Era impressionante como nada a fazia perder a linha ou ficar sem jeito, para tudo tinha uma resposta, sempre me atraindo de uma forma que eu me sentia um caçador mas ao mesmo tempo a caça, ela tinha “algo mais”.
Nos beijarmos longa e profundamente, seu beijo tinha o sabor do vinho que tanto havíamos bebido quanto dos seus lábios, alternando entre rápido e devagar, envolvente .
Minha cabeça girava, minhas mãos deslizavam, seu perfume me penetrava , era um turbilhão de sentidos, um turbilhão pensamentos, era meu corpo queimando de desejo.
Falei com meu amigo que levasse meu carro, seguiria minha noite, que viesse o desconhecido, que eu conhecesse os mistérios, que valesse a pena.
Saímos do bar , o manobrista encostou com o carro, entrei no banco do passageiro, ela guiando, sensassão estranha para min, mas era pela noite que fazia, tudo valia a pena e minha alma não era pequena.
Fomos nos distanciando do local do bar, nos encaminhando para o ponto alto da cidade, rapidamente, no som , ouvíamos blues daqueles que nos envolvem com o som da guitarra e da voz, o lamento dos negros que nos alivia a alma.
Estávamos em um dos pontos mais altos da cidade, dava para se ver boa parte da cidade abaixo de nós, um vento frio sobrava.
Saímos do carro, e ficamos ali do lado de fora olhando a cidade, suas luzes e seu ir e vir sem fim, assim como nossos beijos, nossas mãos e nosso fogo.

... E então já decidiu o quanto quer de min na sua vida ? - Ela me disse olhando profundamente nos meus olhos.
... E se eu disser que quero uma noite e nada mais ?
... Eu te dou uma noite, a melhor que vai ter ..... a melhor que nunca sonhou.

(Continua ....)


... E se eu disser que quero um vida ?
... Você não sabe, sequer imagina o que essa palavra significa.
... Eu pareço criança ?
... Não, quando se é criança é que se tem a real noção do que é vida, a medida que crescemos desaprendemos, vamos reduzindo a vida a um dormir e acordar por alguns anos, até dormir e não acordar mais.
.... E você naturalmente sabe como fazer para quebrar esse ciclo, já que sabe tanto da vida, é ao esperta e tão esperta.
... O tempo ensina todas as coisas – Sorriu – e do tempo eu entendo.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A escolha - parte II

Resolvi me aproximar e tentar conversar com ela, seu perfume era envolvente, diferente ... me despertava os sentidos de maneira diferente como se eu me tornasse um caçador, com meus sentidos mais abertos, como se eu ouvisse sua respiração , percebesse sua pulsação através de seu pescoço acompanhasse sua respiração.

... Sozinha ? perguntei
.... Estava, mas agora não. - Respondeu sorrindo. Seu sorriso era ao mesmo tempo tímido e
provocante, como podia, era algo que atraía ainda mas .... eu sequer ouvia a banda tocando ou percebia qualquer outra pessoa no ambiente.

Seu perfume despertava meus sentidos, meu olfato era invadido por aquela fragrância que nunca senti antes... era mais do que um simples perfume, era algo que alterava meus sentidos.
Pedimos vinho, eu sempre adorei vinhos ... enquanto bebíamos e conversávamos era como se eu me sentisse faminto por ela, mas não era apenas uma noite, queria devora-la para sempre, queria seu corpo seus lábios, seu cheiro....... seu sangue.

Quanto mais conversávamos, mais mistérios havia, era impressionante como não conseguia saber tudo, e tinha uma imensa vontade de descobrir, seu estilo provocante ... tudo me despertava os sentidos, tudo me atraía..... , foi quando veio o convite.

...... Quer continuar a noite, acha que vale a pena? – Sorriu um sorriso tão profundo que era como se envolvesse por inteiro.
...... Se eu for, o que eu ganho? - Retruquei.
....... Não conto, mas prometo que não irá se arrepender, posso marcar sua noite ou sua vida, a escolha é sua.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

As escolhas - O inicio.

Era um dia comum, como todas as sextas feiras normais em São Paulo, inverno chuvoso fim de um dia estressante de trabalho, como é duro trabalhar, estudar , passar nervoso e receber uma esmola como pagamento.... estava cheio daquela vida.

Como o fim de semana se aproximava, tomei banho coloquei minha roupa e resolvi fazer uma baladinha, nada demais, liguei para um amigo e fomos a um bar ... no caminho as luzes da cidade contrastando com o escuro da noite, a temperatura caindo tudo isso me trazia uma sensação de relaxamento, como se me esvaziasse da rotina.

Avistado um bar, paramos... muitas pessoas sorrindo e conversando , pessoas caminhando por todos os cantos sorrindo, bebendo ... mulheres me vêem e sorriem para min. Mas ninguém em especial chama a minha atenção.

Sentei com meu amigo, pedimos um vinho e por ali ficamos até que vi uma mulher que em especial chamou minha atenção.... magra, alta cabelos cacheados, morena, com um vestido preto curto, mostrando suas pernas torneadas, aparentemente firmes, uma bota preta dava aos seus passos um ritmo que me atraia a atenção como tudo o mais em seu semblante ... batom marrom tornava seus lábios quase ao tom de sua pele .... olhos delineados me olhando a uma certa distancia mas de uma forma diferente, não era um flerte simples .... ela me olhava com algo mais, como se quisesse me devorar e ainda assim parecia mais do que uma noite de sexo, como tantas que já tive .

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O salario do pecado é a morte...

Centro velho de São Paulo, praça da Republica seis e meia da tarde.. tudo aparentemente normal, anoitecendo pessoas transitando por toda a parte indo e vindo por todas as direções. Trabalhadores falando alto, comemorando o fim de mais um dia de trabalho, transito intenso, ar seco.

Ela se levantou, dormiu a tarde toda cansada do trabalho forçado da noite anterior, tomou um demorado banho, se vestiu e antes de sair bateu a porta do quarto de sua amiga de profissão pois iriam juntas.

Naquela profissão o melhor que podiam fazer era não andarem sozinhas, havia muitos loucos, cada um com uma perversão a ser saciada com as “ meninas da vida” e para tal andar sozinha era muito perigoso.

Muito tempo longe de casa, saudades não era bem o que sentia, a vida em São Paulo era dura, sofrida mas ainda assim não voltaria jamais para a cidade de onde veio. Lá não, melhor continuar em São Paulo com suas dores e alguns amores.

Se trocou saiu de seu quarto, um cubículo simples porém limpo e bateu no quarto da amiga... sem resposta .. bateu novamente .... nenhum som, - algo estranho - pensou pois a amiga jamais saia sem antes avisar, perguntou na portaria do prédio, o porteiro informou que a amiga estava lá, não havia visto ninguém sair.

Voltou então com o porteiro do prédio, bateram chutaram e por fim arrombaram a porta, perplexidade .... espanto e sangue muito sangue escorria por todo o chão, na cama o corpo nu com um corte na altura do peito e na parede do quarto a escrita “ O SALARIO DO PECADO É A MORTE”.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Melhorar o meu mundo

Era um dia desse em que se acorda para mudar o mundo, e eu levantei da cama querendo tornar o mundo um lugar melhor, nem que fosse apenas o meu mundo. E decidi que iria até as ultimas conseqüências para torná-lo melhor.

Meu coração batia acelerado e eu sabia o que precisava ser feito, tinha que ser rápido, direto e sem rodeios. O dia não espera, passa apressado, temperatura subindo .. os raios do sol agora ardem levemente minha pele.

Pego o primeiro ônibus para o centro, não consigo olhar dos lados, começo a tremer, sinto um frio na espinha, vejo pessoas conhecidas, elas sorriem e falam comigo, mas não ouço, não sinto ... Apenas sei que tenho que continuar, o tempo está passando. Inexoravelmente.

Finalmente chego ao centro, e agora corro ... por entre os carros, semáforos tudo vai ficando para trás, o sol está quase a pino, arde minha pele, eu começo a transpirar, sinto meu corpo leve, ainda tremendo vou me aproximando do ponto de partida que era também o ponto de chegada.

..... Você tem que me ouvir.
..... Não, eu já falei tudo que tinha para dizer.
..... Então agora só escuta.
.....
..... Eu te amo, é você que eu quero, eu sei que fui um idiota e fiz tudo de pior e da pior maneira, agora me perdoa.

Foi o inicio ou recomeço, dos beijos, dos abraços e de tudo de melhor que essa vida pode me dar, meu mundo melhorou.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Trabalho ....

Mãos a percorrerem seu corpo, tocando-lhe os seios... puxando-lhe o cabelo.
Livrando-se das roupas, rapidamente ... calor, suor .. fúria ... intensidade.
A cama.. dois corpos juntos, unidos sem parar transpiração, escuro, toques abruptos com vigor, com força um pouco de violência.
Penetração, vai e vem .... sem parar... sem descansar , gemidos , gritos gruninhos ... Tapas, apertos mais violência.
Não acaba mais, não para mais, mais fortes, violentas .. não termina.

Enfim acabou .. suspiro ..... longa respiração, alivio sobreviveu , pelo menos por hoje, agora e aqui.

Uma nota de 50 caiu no seu corpo, seu pagamento.

Hora de tomar banho, e se preparar para a próxima em no maximo 20 minutos.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Nosso homenzinho bomba..

- Cai fora muleque, ta olhando o que?
Silencio, olhos mudos.

Zona oeste, periferia de São Paulo, estação Itapevi .. bairro pobre, cidade dormitório para ele poderia ser uma cidade velório... pois parecia o inicio e o fim de tudo, o mundo dele ser resumia aquelas ruas estreitas, apertadas, movimentadas o vai e vem de pessoas, apressadas com suas compras e sacolas. Barulho infernal, diversos ritmos formando um som ininteligível.

Sua casa, 5 irmãos dividindo um cubículo, sua mãe, lavadeira.... comida uma vez por dia caso tenha sorte.

Ele caminhou olhou, esperou o momento e foi ... tinha que ser rápido , correr muito e sem pensar, era sua chance, seu lanche, seu sagrada refeição.

- Pegou minha carteira, muleque filho da puta.... eu vou te matar muleque.

Hoje funcionou, na selva de pedras, foi o dia da caça para ele, conseguiu comer.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Coisas do cotidiano.......

- E aí Pri, blza “ beijo no rosto”.
- Olá moço tudo bem sim “ faz charminho”.
- E as novas “ sorriso de empolgação”
- Eu e o Osvaldo estamos bem, vi no meu oráculo digital que viveremos os próximos dias de paz e harmonia. “ os olhinhos até brilham , suspira”
- Pô Pri, não da para crer que você acredita nessas coisas, sai dessa, mo lorota e ainda mais digital.... não é atoa que você foi tão mal em filosofia ... acreditando nessas porras.
- Ahh mas eu acredito " faz cara de independente" , e você e a Flavinha como vão??
- Bem, nós brigamos agora pouco pelo MSN sabe como é ...... ela é sempre tão sentimental porra porque mulher não pode ser um pouco mais prática... só um pouco mais prática.

Toca o celular e ele atende.

- Amor, oi eu tava aqui na facul com a ......... hãããã , como assim .... ma ma mas eu ... calma você não está entend....

- Puts Pri me ajuda, olha ai nesse tal guru online o que ele diz sobre min... " beirando o desespero"
- Mas você não acredita , lembra ??? “ faz cara de que não está entendendo nada”
- Eu sei , a Flavinha imprimiu nossa conversa e disse que vai cobrar explicações de tudo que eu escrevi la..... to fudido !!!! vê logo caramba !!! " mais um segundo e ele fica louco"
- Táááá´, já to vendo “abre apressadamente o notebook”
- Hummmm diz " ansioso"
- Você terá grandes decepções profissionais e no amor, é melhor ter cuidado para não por tudo a perder com sua sinceridade exagerada!!! " um tanto ironica"
- Pô, como assim... achei que você era minha amiga de fé, minha irmã camarada e você me vem com essa, pô que punhalada, não esparava isso de você.....

Sai apressado batendo o pé........................

segunda-feira, 30 de junho de 2008

O diário de um suburbano....

Bom eu sou mais um mane metido a blogueiro, então começo me apresentando.. mas como todo mundo aqui na net não tem cara, eu digo apenas que sou homem ( do sexo masculino), hétero e um pobre que conseguiu não ser peão, não que isso seja alguma vantagem.. absolutamente, porque hoje em dia ter senso critico é praticamente um ato de suicídio.

Morar na periferia e trabalhar no centro então.... haja Prozac, Gardenal entre outros estimulantes.

Periferia de São Paulo bairro afastado do centro “ cidade dormitório” isso parece mais nome de motel do que lugar, como é foda ser pobre e ter que morar aqui... Morar aqui e ter que trabalhar em no centro.

Trem cheio de manha para ir e trem cheio a tarde na hora de voltar ... mas que merda tem gente que parece que não toma banho, seis da manha e esses tiozinhos já estão com esse cheiro miserável debaixo do braço .... porra nem que for um desodorantezinho de merda da Avon é barato e já alivia, porque diabos alem de pobre tem que ser fedido, e o que me mata de raiva é que ele nem ao menos se da conta disso, segura nesse maldito ferro só para esticar ainda mais esse sovaco maldito e empestear ainda mais o ambiente.

Ahhh sim tem também as empregadas... como pude me esquecer delas, de manha normalmente estão felizes e contentes e sempre encontram alguém da mesma profissão para papear, mas porque diabos não aprendem a falar baixo ... porra eu não quero ouvir a respeito da louça que quebrou, da patroa que não deixa usar o telefone entre outras coisas, seria pedir demais ?

Os manos .. claro como pude me esquecer deles ? sempre muito fashion calça com o fundo no joelho preferencialmente mostrando o cofre ou a borda da cueca, boné ( sou um gangsta americano) e os mais ricos palavreados “e aí mano ceeeeerrrrrto”, “fala truta” ... como sempre mais uma classe que não sabe falar baixo, esses costumam andar em um bando ainda maior, parece que sempre tem um agregado chegando.....

A sinfonia é completa ...... e eu que queria apenas mais 20 minutos de sono ( sim fazem muita diferença no rendimento do meu trabalho) fico aqui no meio de toda essa grande melodia..

segunda-feira, 23 de junho de 2008

A revolta que encontrou Deus .............

Estava ele andando no campus de sua universidade,uma das maiores do estado localizada no exterior, uma antiga fazendo desativada, espaço muito bem aproveitado para diversos cursos todos financiados pelo Estado. Todos as construções em bom estado, grama pelo chão, bem cortada, caminho bem limpo entre os edifícios antigos, muitas áreas verdes onde os alunos aproveitavam para ler, estudar e conversar nos intervalos das aulas... Estava frio, ventava muito, céu acinzentado como se o sol estivesse escondido entre densas nuvens cor cinza...


Tudo estava vazio, ninguém na universidade, até onde podia se ver.... deserto, até que em sua direção veio um jovem, jeans como ele, cabelo comprido como o dele, sorrindo como se o conhecesse, na sua direção como se fosse falar com ele.. um pensamento em sua cabeça, “esse é Jesus” . Não podia ser, como assim .. ele vinha andando devagar, calmo e sereno até se aproximar, mas não disse nada apenas esperou como se soubesse que estava ali para ouvir.....


Então o jovem falou:


Eu queria saber o que você quer de min?.
Afinal de contas porque foi que você me criou assim.
Poucas respostas, perguntas sem fim.
Vivo explodindo com pouco basta o mínimo estopim.
Por tão simples que seja pergunta nem digo não, nem digo sim.
É como se eu caminhasse sem saber para onde vou, só de onde vim.
Mas isso não ajuda muito, na realidade não ajuda nem um poquim.
Para alguns eu sou insosso para outros doce como um quindim.

Engaçado como nosso mundo é grande e ainda não há lugar para min.
Não importa o que eu faço, eu não mudo, vou sempre ser assim.
Mas, de uma vez por todas, o que você Deus quer que eu diga enfim.
Talvez hoje a minha resposta seja, diferente de um dia que foi sim.
Mas a diferença veio com o tempo, pelo que a vida roubou de min
Amargo eu não fiquei, mas se foi aquele sonhador sem fim.
Eu ainda tenho alguns sonhos, uns eu digo não e outros digo sim.
Vejo muita gente andando como eu , vindo de onde vim.
Tomara que não se percam, e que a vida não lhes roube o que roubou de min.

Mas porque será que o Senhor ainda quer algo de min.
Es o todo poderoso aquele que a quem muitos dizem sim.
Não precisas de alguém como eu, errante assim.
Não tenho tanta força para olhar para cima, nem ouço mais seu clarim.
Afinal de contas não sou exemplo, não quero que me sigam
E nem que olhem para min.
Que fiquem longe, não me olhem afinal não tenho sorriso de marfim.
Se tenho algo de bom eu mesmo não vejo, sou híbrido, nem não nem sim.
A mudança mudou e fim.
Jesus sorriu, nada respondeu .......... era o fim do primeiro de muitos encontros

segunda-feira, 16 de junho de 2008

O pregador

Mochila nas costas, rebeldia no coração e vontade de viver a liberdade a que tanto lutou para conquistar, boné, jeans, tênis e um mundo mudo á sua frente no escuro ônibus de viagem rumo á São Paulo, uma viagem curta, quem em sã consciência iría querer morar nesse “hospício a céu aberto”.

Na mochila alguns livros, anotações, preservativos, algumas roupas e pouco dinheiro afinal de contas era uma viagem rápida. São Paulo era boa assim, poucos dias somente o necessário; Primeira parada senta-se ao seu lado uma senhora aparentando 40anos estatura media, porte físico proporcional, aparência calma e semblante sereno.

..... Bom dia
..... Bom dia.
..... Você sabe me dizer em quanto tempo chegamos em São Paulo ?
..... Mais umas duas horas, no Maximo – respondeu ele sem muita paciência para um próxima pergunta, conversar amenidades não era seu ponto forte.
..... Obrigada – Disse ela amavelmente enquanto tirava da bolsa um pacote.

..... Isto é para você - estendeu-lhe o embrulho.
...... É alguma brincadeira ? , o que é isso? , para que isso ? – serio e desconfiado pegou o pacote.
...... Abra – disse ela sorrindo.
...... Me desculpe, seja o que for, obrigado mas não é meu e não quero – disse ele direto e seco devolvendo o embrulho.
...... Meu jovem, está manha Deus me disse que encontraria você e que esse era o propósito de minha viagem, não tenho ninguém em São Paulo, o propósito de eu estar aqui é para dar-lhe isto, tome – disse ela ela simpática porém firme – você vai precisar.

A curiosidade o fez pegar novamente o pacote e abrir, era um bíblia, exatamente igual a que teve um dia.

..... Deus quer usar você filho, não sei exatamente o propósito mas sei que você é um escolhido dele – Deus te ama muito, ele te preservou até aqui, cuidou de você e agora quer te usar para uma importante tarefa.

.... A senhora e seu Deus devem estar enganados, eu sou agnóstico e há muito tempo que não leio este livro aqui nem mesmo para pesquisa, não acredito nele.

..... Sei o que vai dizer filho, este livro foi sim escrito por homens porque o instrumento dele para fazer sua obra nesta terra são os homens, Deus tem um chamado para você que é tão bom no uso da palavra, você não sabe mas foi Deus que lhe deu este dom, você deverá usá-lo no devido tempo – agora sua expressão era seria e compenetrada. – Você é um jovem ousado e perseverante, lutou muito na vida e se decepcionou com os homens, mas Deus está acima de todos os erros que um homem pode cometer, você nem se lembra mais da oração que fez há 15 anos atrás, mas Deus se lembra.

..... Bom tudo que tenho que fazer é guardar certo ? - perguntou ele farto daquela conversa e sem a mínima vontade de prolongar o assunto – pois está entregue, missão cumprida – guardou a bíblia, pegou seu fone de ouvido e ligou no ultimo volume, não queria mais conversa, fechou os olhos e dormiu profundamente.

..... Esse Deus chegou só uns quinze anos atrasado.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

O encontro ....................

O ambiente era diferente de todos os lugares por onde já esteve antes, começando pela rua escura, pouca iluminação, sujeira pelos cantos, cheiro não muito agradável.... Contudo a sujeira e o fedor não era maior que seu espanto, coração disparado, a cada passo, cada olhada no ambiente completamente novo, a impressão que tinha era que seu coração sairia pela boca.

Mulheres de todo tipo e em todos os lugares, encostadas em postes, muretas, grades ou onde fosse possível ... Altas, baixas, gordas, magras, loiras, morenas e negras, todas seminuas.. Corpo a mostra, algumas chamando-o, outras provocando sendo mais ousadas... Em comum ali todas tinham o fato de venderem seus corpos, e ali naquele lugar considerado por muitos como um antro de perdição, a Sodoma de nossos dias, a grande Babilônia descrita no livro de apocalipse estava ele, um jovem tímido, que nunca havia conhecido o sabor do pecado ou do prazer fácil. Olhou em volta e seus olhos viram algo novo, seus olhos fitaram uma menina .......... Uma jovem menina, olhos negros como os de um felino, corpo moreno cabelo preto, micro saia, sem calcinha, com uma lanterna na mão iluminava o meio de suas pernas, mostrando sua grande oferta a ser cobiçada pelos homens.

Não se imaginava ali, mas o tesão era maior que todo receio que pudesse sentir; se aproximou, a menina era linda e com atributos físicos os quais desejava, falava com sotaque nordestino, seu nome era Lavigni .... Caminharam e entraram em um cinema, diferente de todos os que já havia entrado antes, ambiente pesado, lúgubre, escuro, ninguém olhava a tela, os astros eram os próprios expectadores e foi ali, onde pela primeira vez ele descobriu as delicias e os pecados que o corpo de uma mulher pode oferecer, foi ali que descobriu o porque o caminho da perdição era tão povoado.
Suas mãos percorreram aquele corpo que tanto surpreendeu seus olhos, sua pele era macia, tão fria quanto a temperatura da noite, seu cheiro era de perfume barato, foi o pouco que pode perceber estando tão afoito, aquele toque, aquele cheiro, olho-a ainda mais de perto, batom vermelho, beijou , beijou longamente , sua lingua percorreu sua barriga, seus seios.......

Ao abrir os olhos se deparou com muitas pessoas olhando, como se fosse um espetáculo... Sua pressa o fez apressar o alívio, sua calça social denunciava que não conseguirá concluir seu intento mas momentaneamente matou seu desejo. Nesse momento sentiu vergonha..... A menina riu, situação incomum essa.... O jovem se levantou e saiu apressadamente não sem antes deixar a nota de 20 reais na poltrona, era difícil correr estava sujo, mas naquele momento somente queria sair dali... Pelo menos por enquanto.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O despertar do desejo.............

Abrindo os olhos devagar os vultos vão aos poucos tomando forma, não era seu quarto nem sua cama, as roupas ainda jogadas pelo chão, completamente nu e um pouco cansado pelo esforço e pela fúria da noite anterior ainda abraçado a uma linda mulher que dormia profundamente.

Parecia um anjo, expressão serena, calma, tranqüila como que pedindo proteção como se precisasse de um homem para lhe proteger e este homem tinha quer ser ele, seus braços e seu corpo. O quarto ainda tinha o cheiro dos corpos, que denunciava que aquela expressão nada tinha de angelical, pura ou inocente.

Aos poucos o desejo voltava ainda mais forte, mais ardente ... duas vozes gritavam ao seu ouvido, o desejo de possuí-la e ser possuído por ela e a culpa, sim a culpa pelo ato pecaminoso que ali se consumou. Seu corpo tremia,um frio percorria a espinha, sua respiração ficava novamente ofegante, o beijo foi inevitável para acorda-la e seu corpo respondeu por si só, mãos, beijos toques e tudo recomeçou tão intenso e tão voraz como na noite passada sem pausa para respirar, o ar que absorvia vinha daquele corpo,a agua que beberia teria o salgado sabor de seu suor ou daquela boca que com a mesma voracidade lhe possuía aredentemente sedenta, faminta, louca........insaciável.

Foram horas intermináveis, até que seus corpos se separaram pelo cansasso, beijos gulosos e famintos, desejos sem fim, mas o dia tinha que seguir seu rumo, a vida tinha que seguir seu rumo.

Agora o peso do dia, da rotina, e do remorso que começava a corroer o espírito.

A tarde passou devagar, pesadamente se arrastou até que chegou a noite e era hora de fazer o que era certo. Depois de um longo banho vestiu seu terno, gravata e foi para a igreja. Era tudo diferente desta vez, a musica já não lhe acolhia, ninguém sabia de nada, mas se sentia como um corpo estranho no meio dos outros, que por fora se igualavam a ele.

“Tudo entregarei ..... tudo entregarei, sim por ti Jesus ó Cristo tudo deixarei” ...... A musica se repetia e o publico cantava com vervor, mãos levantadas, lágrimas em alguns olhos.

Não havia som em seus lábios para cantar, sua cabeça estava longe, muito longe dali, não eram verdade aqueles versos, pelo menos para ele... sim ele deixaria tudo aquilo ali, absolutamente tudo... Mas para estar com ela, para possuí-la novamente, para saciar a fome de seus lábios, de seu corpo, não fazia sentido por que tinha que ser pecado algo tão essencial para seu corpo, algo que seu corpo se deliciava quanto mais pensava mais desejo crescia. Mas por hora apenas o conformismo o mantinha ali ouvindo tudo o que não lhe pertencia mais nem o satisfazia....... E o desejo mantinha-se em fogo brando pronto para queimar-lhe a alma durante a noite lentamente, constantemente assim como a alma dos pecadores que tanto ouviu falar naquela noite, terrível fogo .....desejo. Era Deus a lhe culpar ? mas por que permitiu que tudo acontecesse daquela forma, porque todas as noites o desejo lhe devorava a alma, lhe matava por dentro.

A pregação agradava o publico ao redor que manifestava sua aprovação as palavras do pregador com outras palavras de incentivo, aplausos e aleluias...Ele se limitava a olhar para o chão hora para o teto mas não tinha outra opção senão simplesmente ficar ali e ouvir, lembrar e queimar de desejo e romorso que se alternavam.......... aquele corpo, aquela pele, aquele toque, aquele cheiro tudo girava......... queria mais, precisava de mais, tinha que conseguir mais.........

Os dias se seguiram como de costume, era engraçado como as pessoas podiam ver somente por fora, ninguém podia ver sua alma, seu espírito e seus desejos. Estava tudo ali, ninguém via nem ouvia.........., Graças a Deus, que sempre silencioso guardava seu segredo.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

APRESENTAÇÃO

Bem vindos, o vício de escrever realmente é como um doce, suave e lento veneno, nos faz flutuar em nossa propria mente e com ela produzir o melhor e o pior de nós mesmo ......

Ahhh esse vale de tribulações pelos quais passamos, essa vida que sempre nos engana, nos maltrata e nos ensina, doce e amarga..... as vezs alternando , ora se sobrepondo.

Aqui é meu quarto maior,o quarto da bagunça... diferente da ironia entre vencer e perder; aqui é o lugar onde as palavras prescisam encontrar uma continuidade, coerência... Aqui eu não manipulo palavras e sim idéias ... Sempre fervilhando, burbulhando, será meu laboratório... e como sempre, público.

Pretendo aqui escrever os meus contos, crônicas e historias .... se algum dia eu me tornar um escritor, todos podem saber que aqui foi o nascedouro de tudo.... Se eu não for, será apenas mais uma ironia !