quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Retalhos

نحن لن تجتمع على هذه الأرض. الآن وقتي وكنت قد لانجاز مهمتي. حرب يدعو إلى الجنود ، والدم من آبائنا وأشقائنا سيكون انتقم. لا تخافوا عند استحقاقها سأكون في انتظار شقيقي. أنا أحبك. جناح كبير





Não nos veremos mais nesta terra.
É chegado o meu tempo e tenho que cumprir minha missão.
A guerra clama por soldados, o sangue de nossos pais e nossos irmãos serão vingados.
Não tenha medo quando chegar a sua hora
Eu o estarei esperando meu irmão.
Eu te amo.
Ala é grande

Rahimulá
02/11/2002.


Rahimula é irmão de Najiv.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Dois mundos

- A historia abaixo é continuação da série " Rumores de Guerra", acompanhe desde o inicio no link ao lado.


O quarto era aconchegante, silencioso, calmo e por um instante foi um alivio fechar a porta e respirar por um minuto, apenas um. A luz apesar de acesa não iluminava como as luzes convencionais, apenas clareava o suficiente para dar seqüência ao clima que veio se alimentando por tempos.

Eles se beijaram, longamente, sedentos um do outro como se esse fosse o ultimo prazer que teriam em vida, ou o primeiro. Suas mãos curiosas se procuravam, se tocavam, se percorriam, intensas, ávidas, serelepes.

Para ela, ele era como o deserto de onde vinha, sua pele era áspera, de uma textura diferente das que ela havia sentido, quente, queimada pelo sol. Homem de traços fortes, expressão grave, pouco sorrisos e sempre muito reservado.

Ele a tocava com firmeza, como se cada pedaço de seu corpo pudesse guardar seus sentidos, sua pele, seu cheiro, seu sexo. Era a primeira vez para ele com uma mulher que não fosse de seu povo.

A primeira vez que desatou um sutiã de uma mulher, as que tivera até aquele dia não tivera esse trabalho. A primeira mulher que imaginara nua pelo contorno de suas roupas, normalmente agarradas. A primeira que mostrava detalhes de seu corpo, de sua pele, sem se importar com seus olhares.

A forma como ela se movia e reagia a seus toques era diferente. Seus gemidos que em alguns momentos se tornaram gritos assim como a forma como seus quadris se moviam lembravam as danças da terra hospedeira, o excitava, o provocava... era o novo, desconhecido, diferente, um renovo para ele.

A liberdade, era o que sentia dela naquele momento, era a liberdade com que ela se entregava, com que falava o que sentia, que pedia o que lhe agradava guiando seus toques; A liberdade com que se permitia o prazer também lhe prendia a ela.

A noite seguiu, e eles se desfrutaram durante cada momento que ela lhe permitiu, seus lábios, suas pele , seus corpos que se davam e se recebiam sem limites , sem pudores, sem regras.

Algum tempo havia se passado desde o primeiro encontro durante o incêndio que destruiu a comunidade e os uniu, no começo uma amizade distante que unida pela diferenças se fortaleceu, e agora algumas dessas cenas passavam na cabeça dela como flashes.

O dia em que ele a viu dançar pela primeira vez, nada disse , seus olhos gritavam no meio de uma multidão ensandecida, depois daquele dia seus olhos tornaram-se mais gulosos, perscrutadores , ate o dia em que lhe roubara o primeiro beijo.

E agora estavam ali Rosa e Najiv, dois mundos diferentes que naquela noite eram muito menos que isso, eram apenas dois corpos desejosos um do outro.

- Najiv, você sempre me falou muito pouco sobre você – os olhos de ambos se encontraram - Sei um pouco da sua infância tão sofrida quanto a minha, mas por que escolheu vir morar em um país como o meu ? por que escolheu o Brasil para viver?
- Najiv não escolher Brasil. Najiv foi mando para Brasil, ser importante estar aqui . Najiv ter missão aqui.

- O que é essa missão ?

- Não perguntar aquilo que não é bom saber, ser melhor você não saber, mais seguro.

- Eu sempre soube me cuidar sabia – Rosa sorri – Se soubesse dos traficantes que já enfrentei para tirar amigo meu de encrenca, você não tentaria me proteger e sim se proteger.

- Eu representar meu povo, eu carregar na minha carne o sofrimento do meu povo e eu ter missão a cumprir, cobrar o sangue de meu povo, de meus pais, de meus irmãos. Eu ter sido salvo por milagre, minha vida ter um propósito, não perguntar mais, não poder falar mais.

O dia estava amanhecendo, era hora de cada um voltar para sua própria guerra.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

A GUERRA QUE NASCEU NO ORIENTE

Era uma típica noite quente do Oriente até que o silêncio do céu foi cortado, um som que em poucos segundos tornou-se uma explosão, e foi apenas o inicio de muitas, o silencio estava interrompido, talvez por muitas gerações.

A casa tremeu, um grande estrondo tão forte que acordou a todos os presentes, o tremor fez rachaduras nas paredes. Um novo estrondo, uma nova explosão, novamente bem próxima, fez com que as rachaduras se abrissem.

No meio da confusão o menino acordou, poderia ter sido um pesadelo mas não era. Sua casa estava desabando, entre o barulho ensurdecedor e a nuvem de pó ele conseguiu pegar o irmão ainda bebe e sair do quarto, foi quando ouviu outra explosão, tentou correr, caiu, levantou-se ... não havia como ter certeza que o irmão estava bem, apenas que estava vivo porque chorava.

Apertou o irmão contra o peito, um estrondo, a casa toda sacudiu novamente, mais pó, uma nuvem , não era mais possível respirar... era correr ou morrer. Mas onde estariam seus pais, porque não estavam ali, será que haviam o abandonado, porque não estavam ali ???

Novo estrondo e desta vez pedaços das paredes começaram a cair juntamente com parte do telhado, o menino correu o mais que pode com seu irmão no colo, apertando-o contra o peito o estrondo aconteceu novamente, desta vez mais longe, foi outro e mais outro.

Escuro mas ainda assim reconheceu a sala de sua casa, os moveis todos envoltos a nuvem de pó e no centro da sala, a cena era ainda mais desoladora eram eles seu pai e sua mãe juntos ao chão, imóveis, coberto de pó ... outro estrondo próximo, desta vez era possível ouvir gritos desesperados.

A força para viver foi maior que o desespero, que a dor, e o menino correu mesmo sem sentir as pernas, o irmão ainda chorava... ele correu o mais que pode por toda a sala até cruzar a porta, olhou para trás e chorou, e voltou a correr, cruzou a porta , agora ele também gritava.

Olhou para o céu e via como que estrelas, mas estar deixavam uma nuvem de fumaça como rastro.. estas faziam ruído, explodiam ao tocar o chão e traziam consigo o fogo, eram muitas a cruzar o céu, mas do que ele poderia contar.

Ele se abaixou se ajoelhou e chorou, seu choro agora era como o do irmão, do outro um vizinho se aproximou, pegou as duas crianças e correu , o cheiro de pólvora era forte, não mais que os gritos de desespero e os estrondos.

Chegaram a um abrigo e só abraçou o irmão novamente, agora tossia , toda a fumaça e pó que aspirou agora lhe trazia um sensação horrível por todo o corpo, seu pulmão agora queria livrar-se de toda a impureza que estava alojada ali.

Por um milagre seu irmão estava bem, chorava , mas estava bem... seu irmão de apenas um ano chorava por que queria sua mãe, seu pai e sua casa. Aos poucos o menino dormiu.

O menino mais novo era Najiv.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Rumores de Guerra - Parte 2

Rumores de Guerra parte 2 - O encontro de dois mundos


Foi questão de minutos como em um passe de mágica, pessoas gritando e correndo desesperadas, um grande alvoroço, todos começaram a sair de suas casas procurando de onde vinha o fogo. A fumaça manchava o cenário da manha, vinda do ponto mais baixo da favela, o ponto mais próximo a linha férrea.

A madeira era um combustível abundante que alimentava a fome do fogo que a tudo devorava rápida e intensamente, consumindo sem parar. Nada que não fosse retirado de seu caminho seria perdoado, não seria.

A corrida era para salvar alguma coisa, qualquer coisa. O tempo era escasso, um grande inimigo que se somava ao desespero. Pessoas se intoxicavam tentando controlar o fogo sem equipamento apropriado, era uma gota em um oceano.

Aos poucos o tumulto começou a crescer, mais e mais pessoas tentando salvar seus pertences, mais e mais pessoas correndo desesperadas e fogo seguindo por todas as direções. A proximidade com os cabos de força da linha férrea metropolitana obrigou a interromper o tráfego, atraindo os olhos da imprensa.

O corpo de bombeiros chegou ao local, mas o acesso ao local que originou o fogo não estava sendo fácil, era talvez o lugar de mais difícil acesso da comunidade, não havia uma rua que levasse ao local, eram vielas estreitas, seria um trabalho difícil, beirando o impossível.

Rosa estava a esta altura ajudando a acomodar as crianças em local seguro, tarefa difícil, uma vez que qualquer local dentro da comunidade não era seguro em sua totalidade. Foi neste cenário que um rapaz alto, esguio, jovem e de aparência austera se apresentou.

- Eu querer ajudar - falou baixo mas com firmeza – eu ter uma organização perto daqui , poder deixar as crianças em segurança.

- É melhor não tira-las daqui, obrigado – tão firme quanto o convite, a recusa.

- Você vir, os pais deles poder vir até aqui ser lugar seguro. Eu querer ajudar.

- Eu ser Najiv.

- Rosa.

O sotaque árabe, a barba típica dos jovens daquela região tornaram dignos de confiança os gestos do rapaz, foi uma questão de minutos acomodar alguns adultos e grande parte das crianças em automóveis rumo ao local por ele oferecido.

Ao lado do mais novo voluntario Rosa acomodou-se para levar as crianças para um local seguro. O tumulto crescia a cada momento com a chegada de curiosos, imprensa policiais e familiares dos moradores.

O local oferecido servia de abrigo também a imigrantes, havia muitas mulheres no local, todas com véu cobrindo os cabelos e aparência dócil. O lugar era silencioso apesar de ter algumas crianças circulando.

Não houve mal estar no primeiro impacto, era como se um condigo não verbal de “ viva e deixe viver” estivesse implícito . As mulheres que ali se encontravam serviram um almoço a todos presentes , foi um momento de paz.

Em meio a guerra.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O encontro com meu personagem

Quarta feira 23 de Setembro de 2009, dia chuvoso e frio em toda a Grande São Paulo. Dias assim chega a dar um desanimo de trabalhar, abrir a janela do escritório e ver uma permanente nuvem cinza, alem do frio.

Eu decidi trabalhar até mais tarde e colocar o trabalho em dia, mesmo não estando inspirado para o trabalho. Rotina sem muitas alterações quando saio da empresa por volta das oito da noite, me vejo só dentre as ruas escuras de Alphaville Empresarial.

As ruas são arborizadas, o que quer dizer que a noite há imensas lacunas escuras, onde a luz dos postes não penetra tornando uma rua ainda que "bem iluminada", quase que totalmente escura. Por se tratar de uma região em sua totalidade comercial, não há muitos carros passando após as 19:00hs.

Diante do cenário me apressei ja que meu ponto de ônibus era a razoáveis 20 minutos caminhando. Sem tempo a perder no frio pós chuva percebo passos a me acompanhar, o barulho só pude perceber por se tratar de botas e os passos serem quase que como os meus, no mesmo ritmo de caminhada.

- Zek , preciso falar com você .

No momento pensei " foi um engano", não pode ser, como saberia meu nome?

- Zek não tente fugir, eu preciso e vou falar com você agora.

No momento em que me virei pude ver parte da silhueta que falava comigo, alta aproximadamente 1,83 ( estava de botas ) com um sobre tudo que encobri seu corpo, um gorro e duas tranças.

- Desculpa, não estou me lembrando de você - disse já me aproximando.

- Você não me conhece, mas me conhece muito bem.

- Não entendi.

- Eu vim cobrar uma continuidade da nossa relação, você simplesmente me abandonou, me tratou como se eu não existisse.

- Desculpa mas eu não conheço você, que relação é esta?

- Não me reconhece não é ?? nada em mim lhe parece familiar;
que tal se eu te disser onde moro, que meu mundo esta em chamar por mais de 6 meses, um total descaso seu.

- Nã.. não , não pode ser , não é possível

- É possível sim, e você sabe bem disso... é hora de dar um rumo a minha historia, preciso ter um fim, um meio , um sentido.

- Eu sei, mas era um turbilhão de idéias que eu tinha na cabeça, eu precisava parar, respirar e dar continuidade com calma, afinal eu me meti a fazer algo diferente e não queria que ficasse clichê, queria algo que tivesse minha cara, meu jeito de escrever, você não entenderia.

Por um momento sinto o chão sumir sobre meus pés, e ela não mais estava la. Era somente eu novamente, e era hora de correr para terminar a saga que comecei aí em baixo, antes que outros personagens resolvam me visitar.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Rumores de Guerra - O INICIO

Rumores de Guerra.....



Manha de sol, periferia de São Paulo, comunidade que cresceu onde sobra o que a sociedade não quer mais, caminho dos trabalhadores, eram apenas algumas casas de madeira, um amontoado que cresceu e se tornou tão grande e tão conhecido como a cidade que a abrigava.

O cheiro insuportável era sentido a quilômetros de distancia assim como a montanha chamava a atenção, disforme, feia ... apenas um amontoado de alumínio, plásticos , papelão e comida, muita comida vencida, era o conhecido lixão.

A comunidade crescera ao redor dele, se alimentado dele e se tornará forte e robusta, se alimentando do lixo, do que a sociedade não aproveitava mais, do resto... e aquele resto criou a comunidade, alimentou a comunidade, deixou-a tão forte quanto a própria política que formará e hoje alimentava o “lixão”.

A comunidade era cortada pela linha férrea que levava dezenas de trabalhadores de um canto a outro da cidade, a migração pendular a qual milhares de trabalhadores se submetem todos os dias afastando-se da periferia rumo ao centro da grande capital para ganhar o pouco e suado salário que alimenta suas famílias.

Neste cenário como um dia comum a comunidade amanheceu agitada como sempre, dia de semana, aqueles que possuíam empregos se levantaram cedo para trabalhar. Os que vagaram pelo turno da noite estavam para se recolher, e aqueles que vagavam pelo turno do dia se preparavam para apenas circular pela comunidade.

Ela se levantou como normalmente fazia, se vestiu e saiu para trabalhar, seu nome era Rosa, apesar do nome de flor sua vida estava longe de ser comparada a um jardim, empregada domestica durante o dia, costumava referir-se ao emprego como “ a casa grande”

Contudo a vida de Rosa não se limitava ao emprego, tinha uma atividade menos conhecida por sua mãe e muito menos pelas senhoras idosas da comunidade, Rosa nas noites de sábado era a “ MC LANE”, funkeira que cantava as realidades de uma vida no subúrbio, esse era o que considerava seu “ verdadeiro emprego”.. subir nos palcos da periferia e cantar o que em sua concepção era a realidade.

Naquela manha encontrou alguns amigos no ponto de ônibus, o clima descontraído de sempre, semana começando exceto por um detalhe .. algo imperceptível, simplesmente sentia que algo não estava bem.

Foi quando avistou seu ônibus chegando preparou-se para dar o sinal quando ouviu

- FOGO , FOGO !!!!!!!!

Continua ..............

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Um novo notívago - O início de um novo ciclo.

Se você não leu o inicio do conto, que possui quatro capitulos clique ao lado e leia na integra para que possa entender o desfecho deste conto.




Naquele momento o tempo parou talvez seja exatamente essa a ultima imagem lúcida que tive naquela noite, ou talvez a primeira de minha nova vida pois sei que foi aí que tudo começou.

Eu achei que seria um beijo, e começou com um beijo que terminou no meu pescoço como uma dor que começou como um beliscão e foi crescendo até eu sentir como seu meu sangue todo estivesse sendo drenado pelo meu pescoço, minhas forças começaram a sair juntamente com o calor da minha pele... eu não conseguia lutar, era mais forte que eu, era como se aquela boca que eu havia beijado tivesse se transformado no focinho de um animal.

Eu sentia cada gota de sangue que saia do meu corpo, sentia meu corpo se esfriar e mesmo que quisesse não havia forças para lutar, era como se a força se esvaísse. Meus braços perdiam a força e meu corpo estava todo entregue, agora seguro por ela, seus dentes seguiam firmes em momentos que naquele momento se traduziram em eternidade.

Fiquei um tempo sem saber como aquela noite terminou e que lugar me encontrava e todas as outras interrogações que fazia a mim mesmo naquele momento, o que ela era?? O que tinha acontecido comigo?? O que eu era a partir daquele momento. A única resposta que tive era que a partir daquele momento teria a eternidade para apreciar a noite.... e todos os mistérios, perigos e encantos que ela me oferecia, um notívago eterno.

Fizemos sexo de todas as formas possíveis pelos cantos de São Paulo, tudo tinha um novo sentido para mim, novos sons eu agora ouvia sons que normalmente eu não ouvia, como se meu ouvido humano tivesse ganho um extra na audição, eram sons distantes imperceptíveis que agora eram claros e nítidos, meu olfato também havia mudado, eram novos cheiros, tudo havia se alterado em mim e fome, muita fome, uma fome que apenas consome, capaz de alterar os instintos.

E esta é a primeira etapa de minha nova vida, a vida de um eterno notívago , as crônicas de um cidadão da noite, as crônicas da noite, cada uma com seu mistério, cada uma a seduzir com sua negritude, com seus frescor, frieza e solidão.

As crônicas da noite começam aqui com minha nova vida e toda a minha jornada pelas noites serão narradas e minha vida compartilhada com outros possíveis notívagos ou apaixonados pela noite